Voz grave, jeito simples e um brilho que transcende o palco, ele se tornou não só um dos maiores nomes do piseiro, mas também uma figura querida, que desperta afeto e respeito por onde passa. João Gomes é unanimidade. Na última semana, o cantor lançou seu novo álbum de piseiro, onde celebra suas origens, faz homenagens à família e expande os limites do gênero musical que lhe catapultou para o estrelato.
Em entrevista ao POPline, João detalhou o processo criativo de do “Do Jeito que o Povo Gosta”, um projeto que mistura memória afetiva, releituras de clássicos, inéditas e colaborações. Ele ainda falou sobre a força da música popular e como ela é e deve ser recebida como poesia.
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Foto: @kaiocads
O novo audiovisual de João Gomes chegou na última quinta-feira (29). Embalado pelo enorme sucesso do “Dominguinho”, que João divide com Mestrinho e Jota.Pê, “Do Jeito Que o Povo Gosta” já somou mais de 1,5 milhão de streams nas plataformas de áudio e mais de 1 milhão de visualizações no YouTube. O projeto conta com 26 músicas no total, sendo duas inéditas.
Entre as releituras estão canções de Marisa Monte, Kid Abelha, Pepeu Gomes, Orochi, Luan Santana, entre outros diferentes nomes da música brasileira. O álbum, sem dúvida alguma, resgata o artista para o formato que lhe transformou numa grande estrela, mas serve também para reafirmar a força do piseiro e da música popular, expandido os horizontes do próprio João Gomes e do gênero musical.
Para chegar ao repertório final, João contou ao POPline que o trabalho foi árduo, mas muito significativo:
“Foi um processo bonito demais. A gente queria fazer um álbum de piseiro do mesmo nível ao primeiro que lançamos, com músicas daquela época. Tem música nesse disco que minha mãe ouvia em casa, outras que eu escutava no radinho quando era mais novo. ‘Nada Por Mim’, por exemplo, é uma muito especial porque minha mãe ouvia em casa. Algumas músicas desse projeto são da época em que eu ficava sonhando com tudo isso aqui que tá acontecendo hoje.”
Com tantos nomes diferentes, “Do Jeito Que o Povo Gosta” transita entre gêneros e gerações, mas o mais importante e sedutor do disco é que a voz de João Gomes é o fio condutor desse mosaico musical. Ainda que com uma diversidade imensa de estilos, o álbum se faz coeso plugado no timbre do vaqueiro:
“Sempre digo que canto do meu jeito porque é como eu sinto as coisas. Meu timbre é grave, minha voz é mais arrastada, e isso virou uma marca mesmo. Nesse álbum, com tanta mistura de estilos, o desafio era manter isso, minha identidade, sem perder a essência das músicas,” explicou.
João Gomes também confessou que regravar clássicos é uma “responsabilidade”:
“É uma responsabilidade enorme, viu? São canções que marcaram época, que têm letra forte, arranjo delicado. Eu tenho muito respeito, mas também muito amor por elas. O maior desafio foi achar meu lugar dentro da música. Não tentar copiar, mas trazer minha verdade, meu jeito de cantar, meu sentimento. E também confiar na equipe, nos arranjadores, em quem tá comigo pra transformar isso num som que é meu e, ao mesmo tempo, respeitoso com a história dessas músicas.”
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“O popular é poesia”
Não é de hoje que os ritmos populares emplacam releituras de grandes clássicos, sejam eles nacionais ou internacionais. É quase praxe entre artistas oriundos da região nordeste trabalhar com versões, independente de gêneros musicais. Em “Do Jeito Que o Povo Gosta”, João Gomes aposta com força nessa fórmula e dá certo.
Sobre a recepção, entendimento e aceitação de artistas e ritmos ditos populares por àqueles que ainda torcem o nariz e acreditam que o popular é menos importante, João é enfático:
“O piseiro é coisa nossa, é raiz, do paredão… Mas é música de verdade também. Por muito tempo teve gente que não via isso, mas hoje eu vejo que tá mudando. O povo tá enxergando a arte que tem nisso tudo. E quando a gente mistura com outras sonoridades, com letras mais profundas, com produção bem feita, isso aparece ainda mais.”
Foto: @kaiocads
Ele continuou, ressaltando que grandes parcerias podem facilitar esse caminho:
“Meu trabalho e os de outros artistas também é justamente mostrar que o popular também é sofisticado, também é poesia. E quando tem parceria boa, com gente que acredita na mesma coisa, aí fica mais forte ainda.”
Um álbum e várias camadas
“Do Jeito que o Povo Gosta” é um mergulho na história de João Gomes. O repertório alterna entre faixas vibrantes e canções que tocam fundo, evocando temas de saudade, fé e lembranças familiares. O disco também conta com participações especiais de Zé Vaqueiro, Hungria e Yara Tchê. Sobre o equilíbrio entre as faixas, ele disse:
“Tem hora que eu tô felizão, querendo dançar, comemorar a vida… mas tem hora que bate a saudade, a lembrança, a oração. Eu acho que o povo é assim também. Então, o disco tem que ter espaço pra tudo isso. ‘Deus Eu Te Peço’, por exemplo, é uma música com letra profunda e que faz você pensar em muita coisa, mas também tem música de dançar, de curtir com os amigos. Esse equilíbrio é o que me representa como artista e como pessoa. Não dá pra ser uma coisa só.”
Agenda cheia
Com “Do Jeito que o Povo Gosta” nos players (e o “Dominguinho” em alta), João Gomes está pronto para uma verdadeira maratona junina. Nesta terça (3), o cantor divulgou sua agenda de São João, iniciada no último domingo (1) com shows em Tanhaçu, na Bahia, e Campina Grande, na Paraíba.
Ele ainda tem mais 34 apresentações pela frente, apenas em junho, com passagens confirmadas por cidades de sete estados: Pernambuco, Sergipe, Maranhão, Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí e Goiás. Confira a agenda completa:
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